Irmã Francisca receberá titulo de cidadã Sergipana

Irmã Francisca receberá titulo de cidadã Sergipana

Na próxima segunda-feira, dia 11/6, no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe, a missionária belga Mathilda Antoniette Christine Hendriex, mais conhecida como Irmã Francisca, estará recebendo o título de Cidadã Sergipana pelos seus 44 anos de luta em favor dos mais necessitados e por reforma agrária na região do Baixo São Francisco, onde chegou em 1968, vinda da pequena cidade flamenga de Wilderen, na província de Namur, norte da Bélgica.
O projeto de resolução que concede o título à Irmã é de autoria da deputada estadual Ana Lúcia, do PT. A sessão solene de concessão do título de cidadania sergipana à missionária está marcada para às 17 horas.

Em terras brasileiras 
Ao chegar ao Brasil em 68, num período extremamente conturbado da política nacional – em pleno recrudescimento do Regime Militar –, Irmã Francisca e mais três missionários belgas aportaram em Japaratuba, atendendo ao chamado do bispo da diocese de Propriá, Dom José Brandão de Castro, para se juntar a outros belgas já residentes, entre eles Gérard Lothaire Jules Olivier, ou Padre Geraldo, ex-prefeito de Japaratuba, para ajudar as populações menos favorecidas da região.
Sua vinda para Sergipe e a força para lutar pelas causas do povo e por reforma agrária tiveram a inspiração em nomes como Dom José Brandão, Pedro Casaldáliga, Frei Beto e Leonardo Boff. 
Já entre 1973 e 1974, o grupo de Francisca, a Congregação Irmãs da Caridade, deixou a cidade de Japaratuba e foi atuar com posseiros na tensa região de Canhoba, onde havia muitos conflitos por terra. Foi para trabalhar na roça, evangelizar e conscientizar o povo “de que a terra era direito de todos”.
Depois de Canhoba, o grupo atuou por quase cinco anos entre Betume, Ilha das Flores e Brejo Grande, peioda da implantação da dos Perimetros Irrigados da CODEVASF) do até o início dos anos 80, quando seguiram para nova frente, agora em Pacatuba, na área da Fazenda Santana dos Frades, onde posseiros viviam sob constante ameaça de fazendeiros e seus capatazes.
De lá para cá, Pacatuba tornou-se a ‘casa’ definitiva de Irmã Francisca. Foram muitos desafios, muitas lutas e também grandes vitórias em favor do povo, como as conquistas da Fazenda Santana dos Frades, Lagoa Nova, além dos assentamentos Cruiri e Padre Nestor. 
“A gente veio pra cá sem saber muito bem o que iria viver. Outro continente, outro país, outra cultura, enfim; mas para mim foi muito válido. Só posso dizer que valeu a pena. Se tivesse que fazer tudo outra vez, faria”, revelou a missionária.

História de vida
Para a deputada Ana Lúcia, a história de vida da Irmã Francisca por si só já justifica o título de cidadã do estado de Sergipe. “Ela é um exemplo vivo de sergipana e pacatubense. Mesmo sem título de cidadã, por todos os serviços que prestou na região do baixo São Francisco, ela já é considerada pelo povo de Pacatuba filha daquelas terras”, destaca.
Segundo a parlamentar, o projeto de resolução que apresentou para conceder título de cidadania sergipana a Irmã Francisca, e que foi aprovado por unanimidade pela Assembleia, foi uma forma de homenagear a missionária por doar sua vida para defender causas sociais e a distribuição justa de terras para o povo do Baixo São Francisco.
“Ela é uma verdadeira cidadã sergipana, que honra este estado com sua atuação marcada em defesa dos trabalhadores. Por tudo que fez, esse título, mesmo importante, é até pouco diante da grandiosidade de sua luta”, ressalta Ana Lúcia.